Fenômeno

Grande número de peixes mortos é identificado em Pelotas e Rio Grande

Segundo a Fepam, casos apresentam diferenças: no Laranjal, carcaças em decomposição encontram-se na areia, enquanto no Arroio das Cabeças e na Praia do Pesqueiro há grande quantidade de animais boiando

Foto: Volmer Perez - DP - Animais mortos na beira da praia causam curiosidade em quem passa pelo local

Heitor Araujo
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Centenas de carcaças de peixes mortos encontram-se na faixa de areia rente à Lagoa dos Patos em Pelotas, o que chamou a atenção de frequentadores da praia do Laranjal. A maior concentração de restos de animais está mais próxima à primeira centena de metros após o trapiche, em direção ao pontal da barra.

De acordo com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que monitora a Lagoa dos Patos, foram recebidas denúncias de três locais com mortandade de peixes: na Praia do Laranjal, em Pelotas, no Arroio das Cabeças e na Praia do Pesqueiro, ambos em Rio Grande.

A principal hipótese para a mortandade em Rio Grande é a de asfixia, devido à baixa quantidade de oxigênio na água. "O tempo muito seco com redução de volume dos arroios, associado ao calor, faz com que o oxigênio na água seja consumido com mais rapidez, o que leva os peixes à asfixia", explica o servidor da Fepam, Rafael Volquind. Não se descartam as hipóteses de lançamento de elementos químicos ou esgoto na água, e da salinização da laguna.

Em relação à praia do Laranjal, por se tratarem de carcaças na faixa de areia, algumas em avançado estado de decomposição, as imagens indicam uma situação diferente à de Rio Grande, onde havia uma grande quantidade de animais mortos boiando na água. Um frequentador do trapiche, no Laranjal, que não quis se identificar, relatou surpresa com a quantidade de peixes mortos na areia. "Já tinha visto alguns animais mortos, mas não tantos assim. Acho que é porque salgou a água, só pode ser isso", arriscou um palpite.

Para o professor de Oceanologia da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), Luís Gustavo Cardoso, a hipótese de salga da Laguna não deve se sustentar. Ele cita que duas espécies identificadas na orla do Laranjal, os bagres e a savelha brevoortia pectinata, são peixes acostumados à salinidade.

Ao visualizar as imagens na Praia do Laranjal, ele cita duas hipóteses para a mortandade. "Parece muito, principalmente a presença dos bagres já processados, da carne retirada, e o fato de serem peixes de baixo valor comercial, o descarte de algum barco pesqueiro", avaliou. "Não dá para descartar outras hipóteses, como, por exemplo, alguma floração de alguma microalga nociva, mas precisaria de uma análise química mais aprofundada", completa.

Um homem que passeava com o cachorro à beira da água no Laranjal, e que também não quis se identificar, disse que durante a manhã de segunda-feira restavam muitas carcaças na orla antes do trapiche, mas que havia passado uma máquina da Prefeitura que havia enterrado as carcaças. "Está tudo apodrecendo aí embaixo", relatou, apontando para a faixa de areia rente à água.

Durante a tarde, algumas carcaças restavam entre a areia revolvida. No entanto, de acordo com a secretaria de Serviços Urbanos, a limpeza na orla iniciou-se durante a manhã, mas não para enterrar os animais mortos. "A máquina recolheu as carcaças. Trata-se de uma limpadora de praia que tem uma tela e uma rasta, que crava na areia e uma peneira. A areia fica limpa e os resíduos que são retirados ficam para dentro da máquina", segundo nota repassada pela secretária Lúcia Amaro por meio da Assessoria de Comunicação da Prefeitura.

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